Certas histórias entram em nossas vidas e, inexplicavelmente, iluminam nossos corações. Assim foi quando li pela primeira vez A Pequena Princesa, clássico de Frances Burnett. Honestamente, li o livro tão pequeno e tantas vezes, que é difícil realmente dizer quando o li pela primeira vez. É como se sempre tivesse lido, sem uma primeira vez. A história de Sarah nos apresenta a uma das mais incríveis e maravilho personagens já criadas e, sem sombra de dúvidas, um dos meus alter egos favoritos.
Sarah é uma menina indiana riquíssima que vive com seu pai, o milionário Capitão Crewe. Com a Primeira Guerra Mundial, o capitão é convocado e resolve confiar a menina a um conceituado colégio interno na Inglaterra. Lá, a menina é recebida pela dona do colégio, a senhorita Minchin, que recebe instruções para tratar a menina como uma princesa. Assim se inicia a história.
"Sarah recebeu um quarto enorme, extremamente luxuoso e cheio dos mais caros e belos brinqued, pois é uma princesa..."
"Sarah recebeu um vestido belíssimo de seda, pois é uma princesa..."
"Sarah recebeu uma boneca, a mais linda de todas as bonecas de porcelana, a quem deu o nome de Emily, pois Sarah é uma princesa..."
"Sarah fala francês como ninguém, pois é uma princesa..."
Tudo no colégio gira em torno da criança, que é tratada por Minchin como uma verdadeira princesinha, afinal, é rica e seu pai todo mês envia muito dinheiro ao colégio.
É aí que entra a importância do caráter da protagonista na história... ela não se considera uma princesa por ser rica, bonita, ou popular, mas sim porque acredita que todas as meninas são princesas. Contrariando todas as expectativas, Sarah não se torna uma criança mimada. Pelo contrário: é meiga, doce, bondosa, e se torna amiga das alunas menos populares, como Emengarda (uma menina gordinha e humilhada pelas colegas por ter dificuldades de aprendizado) e Lottie (a caçula da escola, evitada pelas alunas maiores, por estar sempre chorando). Além disto, a criatividade e a facilidade para inventar e contar histórias desperta a atenção de todos.
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A história, porém, toma outro rumo... o Capitão Crewe desaparece misteriosamente na guerra, além de perder toda sua fortuna, o que torna Sarah , que até então era riquísima, uma indigente. A senhorita Minchin revela então toda a inveja que sempre nutriu por aquela criança tão criativa e audaciosa. Permite, por "caridade", que Sarah continue vivendo na escola, desde que trabalhe duro para isso. Agora, Sarah não estuda mais. Agora, não há mais histórias. Agora, já não há brinquedos caros, roupas luxuosas, quarto, amigas, livros, nada mais... No sótão escuro e sombrio, onde não se ouve nada mais que o som da chuva e dos ratos, Sarah descobre um mundo onde os finais nem sempre são felizes. Lá, ela se junta a Becky (uma menina órfã que vivia no sótão, sendo escravizada e agredida fisicamente por Minchin diariamente, como Sarah então passa também a ser).
Toda noite, as histórias de Sarah, com sua criatividade e imaginação, conseguem transformar mesmo aquele lugar sombrio e tenebroso em um palco de sonhos e fantasias. Sarah, agora em farrapos, tem em Beck sua melhor amiga, a quem conta todas as histórias que havia aprendido quando ainda era uma princesa. E assim, conservando sua bondade e seu coração iluminado, Sarah prova a si mesma que nunca havia deixado de ser uma princesa, pois não era sua riqueza que lhe concedia este título, e sim o amor que havia dentro de seu coração.
Houve duas adaptações deste livro para o cinema, obviamente suavizando certos detalhes e omitindo outros. A mais antiga, dos anos 30, com Shirley Temple, é uma adaptação fraca e de menor sucesso. A mais recente e mais conhecida, de 1995, com Liesel Mathew, traduzida no Brasil como "A Princesinha", em minha opinião fez jus à beleza do livro, além de apresentar uma bela fotografia e uma encantadora trilha sonora. Outra diferença desta versão para o livro original é que a história se passa em Nova York, e não em Londres.
Ambos os filmes alteram o final original do livro, para um desfecho mais feliz.
(Da esquerda para a direita: Becky, Sarah com a boneca Emily, Emengarda, Lottie e a Senhorita Minchin.)
Confiram aqui uma cena do filme, inspirado no livro, em que a personagem Sarah nos dá um belo exemplo de bondade e compaixão.
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