Sonhos podem ser realidade...

Sonhos podem ser realidade...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Oliver Twist

Tudo começou quando, em uma tarde desocupada da minha infância, assisti a um desenho sobre um menino órfão explorado por ladrões. Apesar de infantil, a história era bem forte, e me marcou uma cena em que Nancy, uma das mulheres de Sikes, chefe da quadrilha, acaba se regenerando e salvando a vida do órfão, sendo morta pelo bandido pouco depois (a cena mostrava o vilão avançando sobre ela, que pedia clemência, e depois disso a personagem não aparecia mais). A imagem, apesar de ser suavizada pela sutileza do desenho (não era explícito o fato de a mulher ter morrido, apesar de isso ter ficado claro para mim), me pareceu tão forte que ficou gravada em minha infância.

Muitos anos depois, passando por canais de televisão, acabei vendo um trecho de um filme adulto em que uma mulher era morta por um bandido com quem estava envolvida, após ajudar um menino órfão. Reconheci a história imediatamente, era a mesma do desenho. Pesquisando, descobri que se tratava de um livro que procurei durante algum tempo. Anos depois, bisbilhotando alguns livros antigos, acabo encontrando por acaso. Fiz questão de ler as quinhentas páginas e conhecer a verdadeira história que há tanto me fascinava...


Oliver é menino órfão que, sem ter a ajuda e a compaixão de nenhuma viva alma, sofre as mais tenebrosas humilhações em um orfanato, de onde é expulso após pedir para repetir a comida, indo trabalhar como assistente de um casal de agentes funerários, de onde acaba fugindo por não suportar os escárnios que ouvia sobre a provável reputação de sua falecida mãe, que nunca chegou a conhecer.


Desse modo, Oliver acaba nas ruas de Londres, onde acaba esbarrando com uma quadrilha de jovens ladrões, da qual acaba sendo obrigado a fazer parte. Mesmo diante das mais extremas situações, conserva sua bondade e sua pureza, recusando-se a aderir à vida desonesta. Formada pelos rapazes "Raposa Esperta" e Charley Bates, pela moça Nancy, e liderada pelo cruel judeu de cabelos ruivos chamado Fagin, a quadrilha recebia ordens do perverso bandido Sikes, que está send acompanhado de um enorme cachorro branco.


Nosso protagonista se vê obrigado por Fagin a praticar um assalto, mas, com sua atitude de gritar, acordando os donos da casa, sua vida acaba mudando para sempre e, com a ajuda do bondoso Sr. Brownlow, Oliver tem uma chance de ter aquilo com que sempre sonhou: uma infância. Isso só acontece porque Nancy, em um inesperado gesto de piedade, avisa ao Sr. Brownlow onde vivem os bandidos que se apossaram de Oliver, sendo morta por Sikes.

No final, o grande bandido morre ao tentar fugir da polícia, e o menino é resgatado e adotado por Brownlow.

Ouvir falar ou conhecer o enredo por alto não se compara à sensação de ler as palavras escritas por Charles Dickes e impressas nas folhas do livro. É o tipo de história que nos faz repudiar o ser humano e, em seguida, voltar a ter esperanças nele. O tipo de livro cujas palavras atingem a alma, e que traz emoção e lágrimas aos olhos, como poucos. Ainda mais se pensarmos em cada Oliver que padece por esse mundo impiedoso e no menino Twist que existe dentro de cada um de nós...

4 comentários:

  1. Cara, antes de mais nada, parabéns pelo blog! o/

    A única coisa que conheço de Oliver é o animado Disney "Oliver e Sua Turma" de 1988 que é inspirado neste livro que você leu. Agora, mais do que antes, me interessei em ler o livro.

    E essas análises de como o ser humano pode ser tão cruel mas ao mesmo tempo capaz de ser bom me lembrou o filme Ensaio Sobre a Cegueira que vi há alguns dias.

    Aguardo as próximas postagens.

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  2. Oi Ricardo, já tinha ouvido falar em Oliver Twist mas não conhecia a história, também fiquei com vontade de ler. Eu AMO o filme Grandes Esperanças, que foi inspirado no livro de Charles Dickens, mas não li o livro (ainda).
    Beijos e parabéns pelo blog!!!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Oi, Ricardo. Me chamo Rodrigo e fiquei encantado com seu blog. Que maneira linda de escrever! Mesmo concordando com você de que nada se compara a ler as palavras de Charles Dickens, devo dizer que a forma sensível como você descreve a história nos transporta para esse grande clássico. Muito tocante também a forma como você fala da lição e da emoção que o livro nos passa. Eu é que fiquei com lágrimas nos olhos ao ler a sua última frase. Dá para perceber o quanto o livro te tocou.
    É pela forma apaixonada como uma história é descrita que percebemos o quanto ela emocionou quem a contou. É gratificante ver uma pessoa tão jovem como você gostar tanto de ler um bom livro, ainda mais nos dias de hoje, onde a leitura é tão negligenciada, principalmente entre os mais jovens. E você não apenas gosta de ler, como gosta de escrever e contar histórias, e o faz lindamente... Você usa as palavras de forma perfeita! Dá gosto de ler!
    Se não for muito abuso da minha parte, gostaria de sugerir a você a resenha de um livro que eu amo e que marcou minha infância, um livro com uma mensagem tão linda quanto a de "Oliver Twist": "O Pequeno Príncipe"! Imagino que você o descrevia da mesma forma tocante. Pense a respeito.
    Desculpe pelo texto enorme. Me empolguei! (rs)
    Parabéns novamente pelo blog e por sua sensibilidade...

    Abraços,
    Rodrigo Aguiar

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