Sonhos podem ser realidade...

Sonhos podem ser realidade...

domingo, 30 de maio de 2010

O Morro dos Ventos Uivantes





Há muito tempo atrás, em uma mansão sobre uma montanha muito alta, vivia uma família. Pai, mãe, duas crianças (um menino e uma menina) e uma velha criada. Eram felizes, apesar de viverem tão distantes de tudo, naquela sombria montanha. Como as crianças vivem muito sozinhas, o pai, em uma de suas viagens, resolve trazer um "presente" diferente a elas, para que não se sintam tão sozinhas. Ao invés dos esperados brinquedos, traz uma criança de verdade, um menino cigano apanhado nas ruas, que recebeu . A menina, Catherine, logo se encanta com seu novo amigo, o misterioso menino cigano. Hindley (o filho legítimo do senhor Earnshaw), no entanto, fica coberto de ciúme de Heathcliff, com quem pasa a ter que dividir seus brinquedos e quarto, e passa a maltratar o órfão cigano, especialmente quando o Senhor e a Senhora Earnshaw vêm a falecer, alguns anos depois. Heathcliff aguenta tudo por Catherine, que a cada dia se torna mais sua amiga e companheira de aventuras. Conforme vão crescendo, Heathcliff e Catherine percbem, aos poucos, que se amam. Um dia, no entanto, em uma de suas aventuras, os dois jovens pulam o muro, indo parar na mansão vizinha, onde vivia a milionária família Linton. Ao serem surpreendidos, correm. Hethcliff consegue pular o muro de volta, mas Catherine cai e sofre um pequeno acidente, sendo socorrida pela família Linton. Assim, ela conhece os dois filhos da família Linton: Edgar, um rapaz que tem a mesma idade de Catherine, e Isabella, uma menina tímida que vive acompanhada por um cachorrinho. Isabella não suporta Catherine, mas Edgar Linton se torna seu amigo e em pouco tempo se apaixona por ela. Catherine ama Heathcliff, mas sabe que a seu lado não terá futuro algum e, pressionada por seu irmão, acaba se casando com o rico Edgar. Hidley se casa também. Heathcliff, magoado, desaparece, e assim começa seu maquiavélico plano que mudará a história do Morro dos Ventos Uivantes para todo o sempre...

Hindley, não sabendo conduzir seu dinheiro, além de cair no vício da bebida e do jogo, fica cada dia mais pobre e perde tudo. Não lhe resta mais nada, nem os empregados, nem seus amigos, nem sua esposa Frances (que morre ao dar à luz)... apenas sua velha mansão falida, e a velha criada, e seu pequeno filho Hareton. É então que Heathcliff retorna, inexplicavelmente riquíssimo, e Hindley não tem alternativa senão vender a propriedade a ele e passar a viver ali com o filho por caridade. Heathcliff passa a tratar os dois como lixo. A segunda parte do plano se dá quando Hethcliff faz com que Isabella se apaixone por ele e se casa com ela às escondidas. Catherine descobre e faz de tudo para impedir Isabella, para seu próprio bem, sem sucesso. Assim que se casam, Heathcliff deixa de ser o gentil cavaleiro de outrora, tratando Isabella como escrav e matando seuquerido cachorrinho. Isabella, grávida, decide fugir, mas Heathcliff avisa que, assim que lhe for útil, terá o filho de volta. Assim acontece, pois a frágil saúde de Isabella a faz morrer pouco tempo depois, e o filho (que Isabella chamou de "Pequeno Linton") volta a morar com Heathcliff.


Quanto a Chaterine, esta fica grávida de Edgar, mas começa a viver atormentada e com medo de Heathcliff. Assim, no dia em que dá à luz uma menina, vem a falecer. Porém, antes disso, Heathcliff invade seu quarto e diz que sua alma nunca terá paz enquanto não pertencer a ele. Catherine então promete que também não vai deixá-lo em paz, e morre.


A menina, que recebeu o nome de "Pequena Catherine", cresce e é convencida a fugir e morar com Heathcliff, que agora é proprietário de todo o Morro dos Ventos Uivantes, e milionário (pois herdou a fortuna de Isabella), pois acredita que, ao se casar com o Pequeno Linton, herdará sua fortuna (o que não é verdade, pois Heathcliff obriga o filho a fazer um testamento dizendo que, em caso de sua morte, sua fortuna passará para o pai, ou seja, Heathcliff). Edgar morre triste e deprimido. O lugar se torna cada vez mais sombrio, escuro e melancólico, como se o sol não aparecesse nunca mais. E em meio àquela escuridão, Heathcliff agride fisicamente os três jovens (Pequeno Linton, Pequena Catherine e Hareton) e a velha criada, para todo o sempre... O Pequeno Linton (magrelo e com pouca saúde, como Isabella) odeia o pai, e não é amoroso com a Pequena Chaterine. Já o forte e bruto Hareton, escravizado e alienado pelo homem que o criou, o considera uma grande pessoa. Pequeno Linton morre, como era esperado, e sua fortuna passa para Heathcliff, que continua escravizando Hareton e a Pequena Catherine.


Essa é a história que a velha criada conta a um forasteiro que aparece naquela região e se hospeda na mansão do sombrio e grosseiro Heathcliff. Assustado, o forasteiro não entende porque, ao abrir a janela, vê uma mulher vestida de branco dançando na neve e chamando por Heathcliff, enquanto canta uma estranha e triste melodia. A velha criada lhe diz que é o espírito de Catherine, que prometeu jamais deixar Heathcliff em paz, e que agora aparece nas janelas por todas as noites.

O forasteiro, ouvindo o desabafo da pobre velha, se pergunta se essa história nunca terá um fim... mas então acontece que Heathcliff morre, louco e solitário. Seu último pedido é ser enterrado junto a Catherine. Ali, eles têm a impressão de ver um casal de fantasmas no meio da noite, na neve, subindo aos céus. Quanto aos jovens, Hareton e a Pequena Chaterine, livres de toda aquele mundo taciturno, podem partir para lugares mais ensolarados, e assim, ser felizes.

Assim termina a obra de Emily Brontë.








Aqui vocês podem conferir a música que a artista inglesa Kate Bush fez, inspirada na história, falando pela voz de "Catherine", como um fantasma.


sábado, 29 de maio de 2010

Robinson Crusoe

Uma história de solidão e de aventura, de encontro com você mesmo, assim eu vejo este livro de Daniel Defoe que li no final da minha infância/início da juventude. Robinson Crusoe é jovem marinheiro inglês que sobrevive a um incidente no navio, indo parar em uma ilha deserta. Ao mesmo tempo dotado de um jeito ingênuo à sua maneira, é sério e desconfiado. Ao ficar sozinho na ilha, com moedas de ouro que conquistou (e que agora de nada lhe servem) e alguns animais, apenas lhe resta escrever, e é assim que nosso protagonista exprime suas emoções, suas ansiedades e angústias, compartilhando estes e outros sentimentos conosco, ao longo dos vinte e oito anos que passa sozinho. Constrói uma casa, faz plantações, apenas na companhia de um cachorro, um papagio e um grupo de gatos, que se tornam seus confidentes.
Ao fim de muitos anos de solidão, Robinson descobre que havia canibais no outro lado da ilha, e acaba esbarrando com um deles, o desajeitado e curioso jovem Sexta-Feira (como Robinson passa a chamá-l0). Em uma tentativa de vencer a solidão e reconstruir um pouco da sociedade que deixou para trás, passa a tentar "domesticar" o selvagem, ensinando-lhe a falar e a se portar como um inglês. A amizade dos dois se fortalece a cada dia, e acabam aprendendo muito um com o outro.
Enfim, um navio descobre a ilha e Robinson é resgatado. Prestes a abandonar a ilha, ele percebe que não pode mais viver longe de Sexta-Feira. Assim, os dois amigos partem juntos para uma nova vida na Inglaterra. Assim, naquele navio, um inglês, um indiozinho, um cachorro, um papagaio e uma enorme família de gatos, viajam felizes... rumo a um novo lar, onde haverá muitas histórias para contar.

"[...]Lágrimas corriam de seus olhos enquanto falava. Vi que (Sexta-Feira) me amava realmente e que nunca me abandonaria. Disse-lhe então que nunca, nunca o deixaria sem mim".

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Pequena Princesa

Certas histórias entram em nossas vidas e, inexplicavelmente, iluminam nossos corações. Assim foi quando li pela primeira vez A Pequena Princesa, clássico de Frances Burnett. Honestamente, li o livro tão pequeno e tantas vezes, que é difícil realmente dizer quando o li pela primeira vez. É como se sempre tivesse lido, sem uma primeira vez. A história de Sarah nos apresenta a uma das mais incríveis e maravilho personagens já criadas e, sem sombra de dúvidas, um dos meus alter egos favoritos.




Sarah é uma menina indiana riquíssima que vive com seu pai, o milionário Capitão Crewe. Com a Primeira Guerra Mundial, o capitão é convocado e resolve confiar a menina a um conceituado colégio interno na Inglaterra. Lá, a menina é recebida pela dona do colégio, a senhorita Minchin, que recebe instruções para tratar a menina como uma princesa. Assim se inicia a história.
"Sarah recebeu um quarto enorme, extremamente luxuoso e cheio dos mais caros e belos brinqued, pois é uma princesa..."
"Sarah recebeu um vestido belíssimo de seda, pois é uma princesa..."

"Sarah recebeu uma boneca, a mais linda de todas as bonecas de porcelana, a quem deu o nome de Emily, pois Sarah é uma princesa..."
"Sarah fala francês como ninguém, pois é uma princesa..."
Tudo no colégio gira em torno da criança, que é tratada por Minchin como uma verdadeira princesinha, afinal, é rica e seu pai todo mês envia muito dinheiro ao colégio.


É aí que entra a importância do caráter da protagonista na história... ela não se considera uma princesa por ser rica, bonita, ou popular, mas sim porque acredita que todas as meninas são princesas. Contrariando todas as expectativas, Sarah não se torna uma criança mimada. Pelo contrário: é meiga, doce, bondosa, e se torna amiga das alunas menos populares, como Emengarda (uma menina gordinha e humilhada pelas colegas por ter dificuldades de aprendizado) e Lottie (a caçula da escola, evitada pelas alunas maiores, por estar sempre chorando). Além disto, a criatividade e a facilidade para inventar e contar histórias desperta a atenção de todos.

....


A história, porém, toma outro rumo... o Capitão Crewe desaparece misteriosamente na guerra, além de perder toda sua fortuna, o que torna Sarah , que até então era riquísima, uma indigente. A senhorita Minchin revela então toda a inveja que sempre nutriu por aquela criança tão criativa e audaciosa. Permite, por "caridade", que Sarah continue vivendo na escola, desde que trabalhe duro para isso. Agora, Sarah não estuda mais. Agora, não há mais histórias. Agora, já não há brinquedos caros, roupas luxuosas, quarto, amigas, livros, nada mais... No sótão escuro e sombrio, onde não se ouve nada mais que o som da chuva e dos ratos, Sarah descobre um mundo onde os finais nem sempre são felizes. Lá, ela se junta a Becky (uma menina órfã que vivia no sótão, sendo escravizada e agredida fisicamente por Minchin diariamente, como Sarah então passa também a ser).
Toda noite, as histórias de Sarah, com sua criatividade e imaginação, conseguem transformar mesmo aquele lugar sombrio e tenebroso em um palco de sonhos e fantasias. Sarah, agora em farrapos, tem em Beck sua melhor amiga, a quem conta todas as histórias que havia aprendido quando ainda era uma princesa. E assim, conservando sua bondade e seu coração iluminado, Sarah prova a si mesma que nunca havia deixado de ser uma princesa, pois não era sua riqueza que lhe concedia este título, e sim o amor que havia dentro de seu coração.


Houve duas adaptações deste livro para o cinema, obviamente suavizando certos detalhes e omitindo outros. A mais antiga, dos anos 30, com Shirley Temple, é uma adaptação fraca e de menor sucesso. A mais recente e mais conhecida, de 1995, com Liesel Mathew, traduzida no Brasil como "A Princesinha", em minha opinião fez jus à beleza do livro, além de apresentar uma bela fotografia e uma encantadora trilha sonora. Outra diferença desta versão para o livro original é que a história se passa em Nova York, e não em Londres.
Ambos os filmes alteram o final original do livro, para um desfecho mais feliz.


(Da esquerda para a direita: Becky, Sarah com a boneca Emily, Emengarda, Lottie e a Senhorita Minchin.)

Confiram aqui uma cena do filme, inspirado no livro, em que a personagem Sarah nos dá um belo exemplo de bondade e compaixão.